sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Artigo - Síndrome de Asperger


A síndrome de Asperger (SA), assim como o autismo, gera muitas dúvidas. O diagnóstico e tratamento podem gerar medo e ansiedade para pais e cuidadores; Segundo Eckel, Schneider e Menezes (2015, p.74) “Asperger é uma síndrome que faz parte dos transtornos invasivos do desenvolvimento (TIDs), os quais são um conjunto de condições com características muito particulares, especialmente no que diz respeito à interação social”. Teixeira (2016, p. 77) esclarece ainda que “diferente das crianças com autismo clássico, as descritas por Asperger apresentavam desenvolvimento cognitivo e intelectual normal e pouco atraso na aquisição da fala”. 

        Embora seja semelhante ao autismo existem determinadas características próprias desta síndrome, indivíduos com Asperger apresentam interesses restritos e peculiares, são fascinados por assuntos incomuns, podem adquirir uma grande quantidade de informações factuais de maneira muito intensa sobre algum tópico, não compreenderem a linguagem não verbal além de figuras de linguagem como o sarcasmo, tudo é entendido no sentido denotativo, sendo vistos como alheios, indiferentes ou insensíveis (ECKEL, SCHNEIDER e MENEZES; 2015).       

Nos casos de autismo pode ocorrer perda de habilidades principalmente relativas à linguagem,  gerando dificuldade para comunicação, expressão e aprendizagem, o que não costuma ocorrer em indivíduos com Asperger. Entretanto, existem outras dificuldades atreladas à síndrome, Fernandes e Manske (2015, p 76) informam que “a maior dificuldade para essas crianças ocorre porque, mesmo que possuam uma inteligência média ou acima da média, apresentam uma grande dificuldade nas relações interpessoais, impedindo o relacionamento com seus colegas e professores”. As tentativas de interação de indivíduos com a síndrome de Asperger são frustradas pela dificuldade em manter relações sociais e emocionais, não conseguem se colocar no lugar do outro, têm dificuldade de imaginar pensamento e sentimentos de terceiros, o que prejudica sua capacidade de promover trocas sociais. Desta forma, costumam ser considerados egoístas, antissociais ou com algum comportamento desadaptado (FERNANDES e MANSKE, 2015).          

Quanto mais precoce o diagnóstico tanto melhor para prática das medidas de intervenção, este diagnóstico deve ser feito por profissional habilitado e que possa propor um tratamento adequado abrangendo todas as necessidades do indivíduo. Teixeira (2016, p. 79) ressalta que “o desenvolvimento da criança parece normal a princípio, pois ela demonstra inteligência e não há atraso significativo na aquisição da linguagem, contudo no decorrer dos anos o discurso torna-se monótono e peculiar”. Brito et al (2013, p. 173) informam ainda que “a SA é mais frequentemente diagnosticada na primeira infância; embora, em alguns casos, o diagnóstico seja realizado somente na fase adulta. Associados à síndrome podem coexistir sintomas de depressão, déficit de atenção e hiperatividade, ou transtornos de ansiedade”. Por conta das associações pode ser recomendado o uso de algum medicamento, mas o treino de habilidades sociais tem se tornado mais usual e eficiente nestes casos. 

          Para Teixeira (2016, p. 82) “O tratamento da Síndrome de Asperger segue a mesma plataforma terapêutica do autismo, entretanto, devido à menor gravidade dos sintomas, menos prejuízo intelectual e de linguagem, seu prognóstico é muito superior a casos mais graves de autismo”. O curso da síndrome depende da abordagem que se tem com o paciente. Pais e familiares devem buscar compreender este indivíduo, com suas condições e peculiaridades e lidar com a situação aceitando a criança da melhor forma possível.  A criança também deve ser informada sobre seu diagnóstico para entender suas dificuldades e evitar cobranças e comparações (BRITO et al, 2013).


Referências

BRITO, Ana Paula Lottici; NETO, Ângelo Rossi;  AMARAL, Lorena Taveira; BALESTRA, Raquel Lisboa; GONÇALVES, Alessandra de Souza ; CASTRO, Ulysses Rodrigues. Síndrome de Asperger: Revisão de Literatura. Revista Medicina Saúde - Brasília; 2(3):169-76; 2013.

ECKEL, Elaine; SCHNEIDER, Gabriel N.; MENEZES, Celso. Síndrome de Asperger: visão geral e aspectos educacionais. Revista Maiêutica, Indaial, v. 3, n. 1, p. 69-75, 2015.

FERNANDES, Maria Lúcia; MANSKE, Mara. Considerações iniciais sobre a Síndrome de Asperger. Maiêutica-Pedagogia, 2015.

TEIXEIRA, Gustavo. Manual do autismo: Guia dos pais para o tratamento completo. 2. Ed.- Rio de Janeiro: Bestseller, 2016.

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