sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Artigo - Diferenças entre deficiência intelectual e transtorno mental



Muito ouvimos falar em deficiência intelectual e transtorno mental. Mas você sabe as diferenças entre eles? Neste artigo buscamos esclarecer o que é cada um, possíveis causas, tratamento e exemplos.  

Deficiência intelectual: atualmente, o Brasil utiliza a terminologia recomendada pela American Association on Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD), que defende a alteração de deficiência e retardo mental para deficiência intelectual. A mudança do termo não alterou a definição, mas foi considerada necessária por ser menos ofensiva e demonstrar mais respeito e dignidade pelas pessoas (VELTRONE e MENDES, 2012).

Não é considerado um transtorno, mas uma “deficiência que apresenta déficits cognitivos concomitantes ao funcionamento adaptativo [...], acarretando muitas vezes um desenvolvimento mais lento na fala, no desenvolvimento neuropsicomotor e em outras habilidades” (TÉDDE, 2012, p. 6, 23).                                                                  
É uma das deficiências mais encontradas em crianças e adolescentes por ocorrer antes dos 18 anos de idade, atingindo cerca de 1% da população jovem (VASCONCELOS, 2004). Seu diagnóstico “está a cargo de médicos e psicólogos clínicos, realizando-se em consultórios, hospitais, centros de reabilitação e clínicas. Equipes interdisciplinares de instituições educacionais também o realizam” (CARVALHO et. al., 2003 apud TÉDDE, 2012, p. 23).

Segundo Tédde (2012) as causas da deficiência intelectual são desconhecidas de 30 a 50% dos casos, podendo ser genéticas, congênitas ou adquiridas. O tratamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, com acompanhamento médico e trabalhos terapêuticos com psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros. A APAE de São Paulo salienta que a pessoa com deficiência intelectual, assim como qualquer outra, tem dificuldades e potencialidades. Seu acompanhamento é fundamentado no reforço e desenvolvimento destas potencialidades e no apoio necessário às dificuldades, assegurando seu bem-estar e inclusão na sociedade.

Exemplos de deficiências intelectuais: Síndrome de Down, Síndrome do X-Frágil, Síndrome de Prader-Willi.           

Transtorno mental: refere-se a uma doença de caráter psicológico associada a algum comprometimento funcional. Acarretam em prejuízos no desempenho global da pessoa no âmbito pessoal, social, ocupacional e familiar. (SANTOS e SIQUEIRA, 2010).

São universais à medida que atingem pessoas de todas as idades. O diagnóstico é uma questão polêmica que provoca posicionamentos contrários, conforme afirmam Severo e Dimenstein (2009, p. 59) “alguns autores defendem que ele serve para rotular as pessoas [...] e outros afirmam ser o diagnóstico imprescindível na direção do tratamento e na evolução da ciência médica acerca dos transtornos mentais”.

Para Kaplan e Sadock (1998, apud Miceli, 2014, p.6) os transtornos mentais são causados “devido a uma perturbação biológica, social, psicológica, genética, física ou química. Cada doença possui sinais e sintomas característicos”. Basaglia (1982, apud Bock et. al. 2008, p. 350) afirma que a doença mental é “uma interação dos níveis nos quais nos compomos: biológico, sociológico, psicológico”. O tratamento consiste basicamente no uso de medicamentos e na psicoterapia, variando conforme cada caso, como afirma Souza (2006) os avanços da psicofarmacologia permitem o tratamento das alterações das funções psíquicas e da mesma forma as diversas psicoterapias se desenvolveram de maneira a possibilitar que as pessoas com transtornos mentais possam viver melhor.

Exemplos de transtornos mentais: transtornos de ansiedade, depressão, fobias.   

Referências: 

APAE de São Paulo. Sobre a Deficiência Intelectual. Disponível em: <http://www.apaesp.org.br/SobreADeficienciaIntelectual/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 18/06/1016 às 16h21min.

BOCK, Ana Mercês Bahia et. al. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

MICELI, Purificación Martin Abuli. A psicopatologia na avaliação psicológica. Revista Especialize On-line IPOG. Goiânia, v.1, n. 8, p. 1-18, 2014.

SANTOS, Élem Guimarães; SIQUEIRA, Marluce Miguel de. Prevalência dos transtornos mentais na população adulta brasileira: uma revisão sistemática de 1997 a 2009. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 59, n. 3, p. 238-246, 2010.

SEVERO, Ana Kalliny de Sousa; DIMENSTEIN, Magda. O diagnóstico psiquiátrico e a produção de vida em serviços de saúde mental. Estudos de Psicologia, v. 14, n.1, p. 59-67, 2009.
SOUZA, Paulo Cézar Zambroni. Trabalhando com saúde: trabalho e transtornos mentais graves. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 175-183, 2006.

TÉDDE, Samantha. Crianças com deficiência intelectual: a aprendizagem e a inclusão. Dissertação de Mestrado. Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Americana, 2012, 99f.
VASCONCELOS, Marcio M. Retardo mental. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 80, n.2, p. 71-82, 2004.

VELTRONE, Aline Aparecida; MENDES, Enicéia Gonçalves. Impacto da mudança de nomenclatura de deficiência mental para deficiência intelectual. Educação em Perspectiva, Viçosa, v. 3, n. 2, p. 448-450, jul./dez. 2012. 

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